sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Quatro espécies de amor

“Que poder é o amor! É a mais admirável, a maior de todas as forças existentes. O amor dá vida aos inanimados, acende a flama no coração dos indiferentes, leva esperança aos desesperados e alegra o coração dos tristes. Neste mundo não há realmente poder maior do que o amor. Quando a chama do amor lhe abrasa o coração, o homem se dispõe a sacrificar tudo - mesmo a vida.
            No Evangelho está dito que Deus é amor.
            Há quatro espécies de amor. O primeiro é o amor que flui de Deus para o homem; consiste de graças inexauríveis, do resplendor divino e da iluminação celestial. Através deste amor o mundo do ser recebe vida, o homem é dotado de existência física até que, por meio do sopro do Espírito Santo – este mesmo amor – ele recebe vida eterna e se torna a imagem do Deus Vivo. Este amor é a origem de todo o amor no mundo da criação.
            O segundo é o amor que flui do homem para Deus. É a fé, a inclinação para o Divino, o entusiasmo, o progresso, a entrada no Reino de Deus, o acolhimento das Graças de Deus, a iluminação com as luzes do Reino. Este amor é a origem de toda filantropia e leva os corações dos homens a refletirem os raios do Sol da Realidade.
            O terceiro é o amor de Deus pela Essência ou Identidade de Deus. É a transfiguração de Sua Beleza, Sua própria Imagem no espelho de Sua Criação. É a transfiguração de Sua Beleza, Sua própria Imagem no espelho de Sua Criação. É a realidade do amor, o Amor Antigo, o Amor Eterno. Através de um raio deste Amor todas as outras espécies de amor existem.
            O quarto é o amor do homem pelo próximo. O amor que existe entre os corações dos crentes é movido pelo ideal da unidade dos espíritos. Este amor é alcançado pelo conhecimento de Deus, de maneira que os homens sintam refletido no coração o Amor Divino. Cada um vê no outro a Beleza de Deus revelada na alma e, encontrando esse ponto de similaridade, todos são atraídos por amor recíproco. Este amor fará de todos os homens ondas de um só mar, estrelas do mesmo céu e frutos de uma só árvore. Este amor realizará o verdadeiro acordo, estabelecerá o alicerce da real unidade.
            Mas o amor que algumas vezes existe entre amigos não é verdadeiro amor, porque está sujeito a mutações; é uma simples fascinação. Conforme as brisas sopram, as árvores delgadas se inclinam. Se o vento vem do leste, a árvore pende para o oeste e se o vento sopra do oeste, a árvore se inclina para o leste. Esta espécie de amor é originada pelas condições acidentais da vida. Isto não é amor, é mero relacionamento, está sujeito a mudar.
            Hoje vemos duas almas aparentemente em estreita amizade; amanhã tudo isso pode ser mudado. Ontem estavam prontas a morrer uma pela outra; hoje evitam associar-se. Isto não é amor; é sujeição dos corações aos acidentes da vida. Cessada a causa do “amor”, este também passa, não sendo, portanto, amor na realidade.
            O amor limita-se às quatro espécies explanadas:
1. O amor de Deus pela Sua Identidade. Cristo disse que Deus é amor.
2. O amor de Deus por Seus filhos – por Seus servos.
3. O amor do homem por Deus.
4. O amor entre as pessoas.
            Estas quatro espécies de amor originam-se de Deus. São raios do Sol da Realidade, Sopros do Espírito Santo, Sinais da Realidade.”

(Palestras de Abdu’l-Bahá em Paris, 1911, pg. 179/181)